Monthly Archives: Setembro 2020

dollface

Acabei de ver a série Dollface que usei enquanto durou como um intervalo curto de descanso do cérebro. Foi uma experiência antropológica interessante. Eu nunca tive um clique, um pack de amigas, nunca fui à casa de banho aos pares, nunca vivi e morri pelo código da irmandade. No sexto ou sétimo ano tive um clube de poetisas com duas amigas, três pessoas unidas por pouco talento para escrever poemas e um amor adolescente pela poesia melodramática melhor exemplificada pelos sonetos de Florbela Espanca. Também passei pela fase romântico-gótica de passear pelos cemitérios, aparentemente herdada da minha mãe e rapidamente curada assim que passei a ter alguém dentro de um deles. Acredito que essas fantasias só sobrevivem até enterrarmos alguém que amamos.

Continuo a não ter um pack, um clique, uma irmandade do sagrado feminino com quem ir fazer xixi aos pares. Mas tenho-as a elas, as minhas sorpresas, que são retorcidas e defeituosas como eu. E temos um código de livros e desabafos e estar com elas é como regressar a casa.

on earth we’re briefly gorgeous

“The children, the veal, they stand very still because tenderness depends on how little the world touches you.”