Monthly Archives: Março 2015

gente nas mãos 

Não sei o que fazes nem como te chamas. Estavas ali aberto, voluntariamente entregue às mãos que te operam. Vi-te o sangue as entranhas o âmago onde, quem sabe, morará a alma. Quase em cima da tua cabeça espreitava para dentro de ti, sem me ocorrer que és mais que aquela carne cortada. Desviei o olhar, ajustei o adesivo que te fechava as pálpebras e senti-me a invadir-te. Eu, que não tinha as mãos dentro de ti, que não te cortava a carne nem te sentia o sangue quente. Que só te ajustei ao de leve o adesivo. Às vezes são as coisas mais pequenas que nos batem com mais força.