Monthly Archives: Fevereiro 2012

vocês valham-me que eu estou que não posso

Ora pois que voltei às aulas, coisinha boa e chata e tudo. É bom, tirando o levantar antes das sete, que por acaso ainda não aconteceu que a malta ainda não está a todo o gás, mas vai acontecer já na quinta e eu ando a preparar-me psicologicamente que dois meses a acordar às nove e meia moldam-nos o corpo.

Mas chego a casa, tarde e cansada, faz jantar-janta-vê qualquer treta-vai dormir e passear nos blogues é só de fugida. E as saudades que eu já tenho de 2 ou 3 blogues de gente gira em que se conversa nas salas de comentários qual café da praça. Estou roxa de saudades e a pender ali para o ansiosó-deprimido, a considerar, até!, um ansiolítico. Pedia-vos então, pela minha rica saúde, que amanhã que fico em casa escrevessem qualquer coisita e fossemos todos trocar duas de letra para as vossas casinhas de chá, só para matar o bichinho que este síndrome de abstinência já me anda a dar dores nos músculos dos dedos. Ou então venham conversar para aqui que eu abro as janelas de manhã, para arejar. Pode ser sobre lagares de azeite ou a cultura da batata no Nepal, não importa. Mas falem comigo antes que eu me ponha a falar sozinha que diz que isso quando dá nas galinhas faz nascer os pintos carecas, sim?

a igualdade não é igual para todos

Às vezes ponho-me a pensar que este meu lado que prefere uma boa batedeira à última moda de vestir anda a trair todas as mulheres que durante anos queimaram soutiens, fizeram das vidas bandeira e lutaram pela libertação da mulher da sua prisão doméstica. Que gostar mais de livros de cozinha do que de um par de calças é um insulto para todas as que se viram obrigadas às saias durante tantos anos. Ou que isto de me virar para os pratos faz de mim cúmplice  dos que não reconhecem à mulher o seu papel de igual.

Mas o facto de escolher a batedeira e as colheres e os tachos porque quero é tão representativo da liberdade conquistada como o é haver mulheres em cargos de poder, nos governos, nas empresas, nas universidades. Não julgo como anti-feminista uma mulher que decide abdicar de uma profissão, de uma carreira, para ficar em casa e criar os seus filhos. Sou capaz de me perguntar que fará ela, quando os filhos crescerem. Se não se sentirá sozinha, mais vazia. Mas essa é uma dúvida minha, que, sei, não seria capaz dessa escolha. Não é uma dúvida de quem, todos os dias, escolhe viver assim a sua vida, com a certeza de que é esse o caminho da sua felicidade.

E quem diz mulher diz homem diz pessoa. Porque escolher como profissão ser pai e mãe a tempo inteiro não me parece ser decisão fácil. E admiro quem tem tanta certeza de ser essa a sua escolha – porque a igualdade não é termos todos carreiras e cargos de topo. A igualdade é podermos escolher.

cambada de morcões

Se há coisa que me irrita são os anormais as pessoas que dizem que vêm ao Puorto. Nós quando vamos à capital não dizemos que vamos a Lesbôa.

waiting for the other shoe to drop

Quando as coisas estão muito bem vocês também ficam à espera do desastre ou sou só eu e o meu pessimismo fraco optimismo entranhado nos genes?

os melhores anos são os que ainda vamos construir

Estava eu muito contente a dobrar roupa e a ouvir o Stereomood no happy – coisa estranha, eu feliz a dobrar roupa -, ensaiando até uns passos de dança quando a música pedia, e a pensar: adolescência my ass, nunca fui tão feliz como agora. E preparava já mentalmente o que vinha aqui escrever, que a adolescência, ao contrário do que nos tentam vender, não é o período mais feliz das nossas vidas e que devíamos dar início a um processo de desintoxicação dos nossos adolescentes que, coitadinhos, devem andar frustradíssimos sem perceber por que raio são tão miseráveis quando o mundo lhes diz que deviam ser tão felizes.

Eu nunca estive tão em paz comigo mesma como hoje. Sei quem sou, sei em que caminho estou e fui eu que o escolhi. Lutei por ele e tive a imensa sorte de poder lutar por ele. Problemas de auto-estima ainda cá estão, especialmente assanhados quando vou às compras ou quando passo por espelhos. Mas consigo viver melhor com eles hoje do que há 15 anos. Parece que cresci alguma coisa, felizmente. Tenho a sorte de ter alguém ao meu lado que todos os dias me diz que me ama e que me acha bonita – e, mesmo que eu não acredite, faz-me bem.

Mas a pilha de roupa era grande e ainda ia a meio quando a ideia deu meia volta. Não, não posso escrever isto. Porque a verdade é que eu tive a sorte de uma segunda quase adolescência. Sem pegas com os pais, sem afirmações de independência, sem namorados parvos e colegas idiotas. Mas uma quase adolescência aos 30, uma segunda volta na faculdade, com a cabeça mais resolvida. Sem emprego, sem chefes, sem colegas dos bons ou dos maus. Sem grandes preocupações. A adolescência é que vem na idade errada, quando ainda não estamos preparados para os melhores anos. Já não me sentia tão segura da legitimidade da minha felicidade.

Mas mais uma volta, mais uma camisola e não, afinal não é bem isso. Não tenho emprego, é certo, mas também tenho prazos e como chefes tenho professores com a mania que têm de ser maus para serem respeitados. Tenho colegas, dos bons e dos maus, uns que fazem birras, outros que choram de frustração e nervos, outros que se apunhalam pelas costas. Trago muito trabalho para casa, passo meses sem ter fins-de-semana e ainda temos de tratar das compras, das roupas, dos jantares e da casa. Afinal, parece que posso ficar feliz com a minha felicidade. Continuo a reconhecer e a agradecer a sorte que tenho, todos os dias. Uma segunda oportunidade caída do céu, mas que não é uma segunda adolescência. É uma coisa pela qual trabalhei e trabalho muito e há alturas em que tenho de me lembrar disto. Para não me esquecer que, apesar da sorte, eu fiz por merecê-la.

crescer dá novos olhos aos olhos

Poucas coisas me desiludiram mais, ao crescer, do que descobrir que certas pessoas que eu admirava pela sua inteligência e cultura mais não eram, na verdade, que mentes medianas e pretensiosas.  Daquelas estaladas psicológicas que ainda me doem quando penso nelas ou me cruzo com uma dessas pessoas, no café ou no facebook.

hoje toda eu sou feita de vontades

Apetece-me pipocas daquelas com caramelo, gelado de chocolate belga da Häagen-Dazs (e até fui ver como é que se escrevia!) ou de cream caramel speculoos. Apetece-me naan ou uma pizza baixinha, com rúcula e presunto. Apetece-me brigadeiros, de chocolate e de coco. Apetece-me batatas fritas caseiras. Ou batatas com salsichas e ovo estrelado. Panquecas com hash browns, um hamburger mesmo bom. Apetece-me comer tudo e não me apetece cozinhar nada. Estar de férias faz-me bem nos primeiros 2 dias, depois aborrece-me. E eu aborrecida? Como.

(não, não estou grávida e não, não são desejos. São vontades e umas posso comer mas não devo porque engordam, outras, pelo processo de tentar estar grávida, não posso. Ora experimentem ir almoçar a um qualquer shopping quando não podem comer legumes crus fora de casa, enchidos, carne mal passada, molhos, peixe cru ou fruta fora de casa)

de petit gateau francês ao pão nosso de cada dia

Sabemos que os macarons estão, definitivamente, na moda quando os vemos à venda no MacDonalds.