Dorme duas horas ao colo da minha santa tia, enquanto eu estudo ou faço que sim, que também preciso de gazeta de vez em quando. Acorda à hora de almoço. Mama, sorri, canta a mamar. Depois, sentados na mesa da cozinha, sopa de abóbora para ele e arroz com ovos estrelados para mim. No fim, partilhamos uma laranja, a sua fruta favorita.
Ainda agora nascido, ainda agora na luta para lhe tirar o suplemento e ficar só com a mama, já come. Optámos por seguir a natureza e a curiosidade dele, em vez do calendário, e quando começou a mostrar curiosidade por comer, fomos dando a provar algumas coisas. Foi muito confuso, durante a gravidez, aceitar que não há respostas certas, nisto de começar a dar comida a um bebé. Sossegámos quando percebemos que os primeiros alimentos dos bebés europeus são diferentes dos dos bebés asiáticos, africanos, sul-americanos. Não há certezas absolutas, relaxámos.
E sim, eu sei que um bebé desta idade não deve, segundo os canones europeus, comer laranja. Mas há pediatras de um e doutro lado desta questão – ou seja, mais uma vez, não há uma resposta certa. Ele pediu, nós demos com cuidado. Não fez alergia, continuámos a dar. É a fruta favorita, aquela que come enquanto houver e nós lhe dermos. Ele e nós sabemos mais sobre ele do que qualquer pediatra que o vê uma vez a cada dois meses. O bebé é o seu melhor manual de instruções.