eu vou com as aves

Foi há três meses, mãe. E foi ontem e há 10 anos, diz-me o tanto e o tão vazio que trago em mim. Queiramos ou não, a vida aqui continua. Não é a mesma vida que deixaste, mãe. É outra, somos os mesmos e tão diferentes que às vezes os outros já não sabem que somos nós. Mas nós sabemos, nós sabemos ver estes em que nos tornamos.

Às vezes é tão difícil, mãe. E quase nunca é fácil como dantes. E é difícil perceber e aceitar e pegar na vida e levá-la adiante. Todos os dias trocávamos tudo por ti. E todos os dias esse tudo é tão nada.

Mas sabes, nem tudo é mais triste nestes novos nós. Eu aprendi, mãe. Nunca mais vou deixar o amo-te para amanhã. Nem a mão ou o abraço ou o tempo para quem amo. São as pessoas que me fazem, não são os exames ou o trabalho. E não vou deixar que os medos me fechem em mim. Vou ver o mundo sem rota marcada, porque o mundo é tão grande e os dias acabam depressa. E levo em mim os teus olhos, mãe, levo-te em mim.

6 thoughts on “eu vou com as aves

  1. Izzie diz:


    (um beijinho muito docinho)

  2. Filipa diz:

    Beijo enorme e um abraço apertado.

  3. Filipa B diz:

    Beijinho e abracinho.
    E são palavras tão bonitas.

  4. Embora cada um sofra a sua própria dor, como te compreendo tão bem e como me identifico no que dizes…
    Beijinho

  5. Anna Blue diz:

    Um abraço apertadinho.

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